Feira Feita               Histórias               Feito em Lisboa
Quem é que comprava as tuas peças?

Eram sobretudo os turistas. Comecei a fazer coisas para bebé quando fiquei grávida, mas não tinha cá sapatos azuis bebé, rosa bebé ou aquele amarelo “desmaiadinho”. Fiz alguns babygrows com golinhas em crochet, depois a minha mãe juntou-se e fez uns "fofos" de lã em tricot. Foi uma época muito gira, mas acabava por ser um pouco repetitivo. Quando recebi o email dessa tal marca [Mesh] aproveitei para mudar de nome e fazer uma limpeza. Foi um choque grande na minha vida porque estava há cinco anos a trabalhar num projecto, um nome, tinha acabado de fazer cartões de visita, enfim...Já estava a fazer algumas coisas em cerâmica, por isso houve uma revolução nas minhas peças.

Como é que começou a tua ligação ao têxtil e, sobretudo, ao crochet?

A minha mãe faz tricot e sempre me vesti com camisolas e vestidos feitos por ela. Fazia coisas difíceis, muito giras, não sei como é que ela fazia aquilo. Sempre quis aprender e a minha mãe acabou por me ensinar o básico do crochet e o resto foi por mim, a inventar e a experimentar. Ela ensinou-me o ponto alto, o baixo e a corrente e o resto foi inventar. Na altura nem havia Youtube. Comprava algumas revistas, a minha mãe dava-me os restos das lãs e eu inventava cachecóis. Lembro-me que fiz uma peça, que tenho imensa pena de não saber onde é que está, que foi um saco de lã onde experimentei vários pontos. Eram dois retângulos, basicamente, mas era uma peça bonita. Quando vim para a universidade, em Lisboa, foi quando comecei a dar mais atenção ao crochet.