Fala-nos um pouco deste teu atelier.
Também já passou por várias fases. Quando trabalhava no museu, trabalhava em casa. As peças eram de menor dimensão e trabalhava na sala de estar, não tinha um atelier. Depois, juntei-me a uma amiga que tinha um atelier/loja e fui trabalhar com ela. Foi muito importante para perceber que uma pessoa precisa de um espaço de trabalho porque, às tantas, a sala é a sala. Ter um espaço, sair de casa, estar com outras pessoas... Em 2017 mudei de trabalho, além da marca, deixei de trabalhar no museu e de ter o mesmo tempo livre que tinha. Passei a ter um horário full-time no Estúdio Astolfi. Deixei de fazer os mercados, as peças começaram a ser mais pensadas, menos comerciais e comecei a vender mais online. Deixei de ter o atelier e levei as minhas coisas para o Estúdio — onde trabalhava nas minhas coisas ao fim de semana ou ao final do dia. Durante a pandemia, ficámos todos fechados e a minha sala de jantar estava a ficar cheia de caixas e caixinhas. Com o meu filho a ter aulas online, eu a ocupar tudo, tivemos de fazer algumas mudanças. Deixámos de ter sala de jantar, passou a ser o escritório. Este é o meu espaço de trabalho agora, a minha micro-sala onde tenho tudo o que é exequível de fazer aqui. As peças maiores são feitas ou no Estúdio ou no escritório do meu marido.
De que maneira a pandemia teve impacto no teu trabalho?
A pandemia deu-me muita coisa: por um lado, permitiu-me ter aqui uma escala diferente, por outro, como não podíamos estar juntas no atelier, lancei o desafio às minhas amigas para serem elas a fazerem as minhas peças de cerâmica. Fazemos lotes de 20 peças, consoante o tamanho, e isso também me permitiu, quando a Portugal Manual [plataforma da qual Rita faz parte] abriu a loja no CCB, ter stock de peças e conseguir ter ali uma boa presença. Permitiu-me fazer revenda, também, que era uma coisa que eu não fazia.