E qual foi a que mais gostaste de fazer?
Ía dizer a última, uma série de tapeçarias para a exposição Transformação. Gostei muito de fazer os casulos para a Hermès — lá está, um desafio. Ainda não trabalhava no Estúdio Astolfi e uma amiga que trabalhava com a Joana [Astolfi] ligou-me a dizer que precisava de mim por causa de uns casulos de um metro e meio. No último ano da faculdade apresentei uns casulos de resina e, no mestrado de Escultura Pública, apresentei uma peça que eram uns casulos feitos com fita-cola. Na altura trabalhava numa loja de roupa no Chiado e uma das coisas que mais me fazia confusão era a quantidade de plástico que acumulávamos. Quando ia para casa à meia-noite, via sempre aquele amontoado de sacos de plástico. Um dia peguei no carro e comecei a recolher esses sacos todos — e nós vivíamos numa casa minúscula. Todo o interior dos casulos foi feito com esses sacos que trouxe das lojas, cobri-os com fita-cola e fiz vários casulos.
Ía dizer a última, uma série de tapeçarias para a exposição Transformação. Gostei muito de fazer os casulos para a Hermès — lá está, um desafio. Ainda não trabalhava no Estúdio Astolfi e uma amiga que trabalhava com a Joana [Astolfi] ligou-me a dizer que precisava de mim por causa de uns casulos de um metro e meio. No último ano da faculdade apresentei uns casulos de resina e, no mestrado de Escultura Pública, apresentei uma peça que eram uns casulos feitos com fita-cola. Na altura trabalhava numa loja de roupa no Chiado e uma das coisas que mais me fazia confusão era a quantidade de plástico que acumulávamos. Quando ia para casa à meia-noite, via sempre aquele amontoado de sacos de plástico. Um dia peguei no carro e comecei a recolher esses sacos todos — e nós vivíamos numa casa minúscula. Todo o interior dos casulos foi feito com esses sacos que trouxe das lojas, cobri-os com fita-cola e fiz vários casulos.
Voltaste a fazê-los para a Hermès, com outras características…
Tinham algumas referências, queriam trabalhar com materiais naturais — corda de sisal, ráfia — e precisavam de um casulo de metro e meio em 15 dias. Eu estava a trabalhar no Museu, numa altura em que as visitas guiadas não paravam, fui comprar ráfia e comecei a fazer umas experiências em crochet. Como tinha pouco tempo, não rematei as pontas. Fui sempre adicionando um fio a seguir ao outro e aquilo ficou com uma textura espectacular. Dois dias depois, a minha amiga liga a dizer que, afinal, queriam dois casulos e que não podiam ser iguais. Fiz o outro em sisal, fiquei com as mãos todas cortadas, mas deu-me muito gozo fazê-lo. Fiz os dois casulos, que foram para a montra, e foi a minha primeira experiência para a Hermès. Foi aí que vi que o crochet poderia ser utilizado de outra maneira — e que eu conseguia usá-lo de outra maneira. Vi ali uma coisa que não era uma peça para usar, não era um cachecol, uma gola ou um colar, era uma peça de grande dimensão e com impacto visual.