Fala-nos de uma obra que tenha uma história particular.
Há uns 8 ou 9 anos, uma amiga artesã brasileira que trabalhava em feltragem mostrou-me um trabalho de um urubu-rei. É um pássaro que come animais mortos, não é glamoroso como um colibri. Tinha uma cabeça muito bonita e ficou-me na memória. Este ano, durante a pandemia, tivemos de nos organizar aqui na oficina, não era possível trabalharmos todos juntos, por isso começámos um esquema rotativo e, de vez em quando, tinha de trabalhar em casa. Como não tinha as máquinas em casa, tive de trabalhar com o bisturi e o x-acto, e fazer peças únicas assim. Com a pandemia, com o número de mortes que aparecia todos os dias, pafff, apareceu este urubu e esta temática. Pesquisei muito, peguei em algumas imagens e fiz um trabalho com três pássaros. A pandemia foi o momento de dar sentido a essa colecção.