Feira Feita               Histórias               Feito em Lisboa

Como iniciaste o teu percurso?

Desde cedo sabia que queria trabalhar com madeira. Queria ser marceneiro, não sei porquê, o meu pai não trabalhava na área, mas sempre foi assim. Segui uma formação neste caminho da marcenaria, numa escola técnica superior em Paris, durante cinco anos. Fiz um ano de marcenaria e quatro de marchetaria/embutido.


O que se seguiu?

Depois da formação, fiz um ano de História de Arte na Sorbonne, também em Paris, para completar o meu conhecimento — e como não tinha trabalho na área decidi ir estudar um pouco mais. Arranjei trabalho em restauro, numa oficina em Paris, no bairro tradicional dos ateliers da marcenaria, perto da Bastille, o Saint- Antoine. Fiquei lá um ano e depois fui trabalhar com embutidos em painéis de madeira muito grandes, algo mais ligado à arquitectura de interiores, à decoração de navios privados, aviões... Estive lá durante onze anos e depois o amor levou-me para o Brasil, até Porto Alegre, perto da fronteira com o Uruguai e a Argentina, onde fiquei doze anos.


Como correu essa experiência?

Quando cheguei, tentei encontrar trabalho como marcheteiro e não consegui. Não havia mercado. Como não encontrei a profissão que queria, decidi abrir a minha oficina. Foi um pouco como aqui, que estou num espaço compartilhado com outros projectos: a Perna de Pau, com o Domingos, juntamente com o João, que faz restauro de móveis, e o Mandé, que faz peças torneadas. No Brasil, era um espaço compartilhado bem maior, com dez empresas.