Fala-nos do teu trabalho e das peças que fazes.
Eu faço marchetaria: pego em folhas de madeira e sobreponho-as para fazer várias peças. Tenho os desenhos, as minhas madeiras (e tenho mais de 100 madeiras diferentes)... corto o desenho com o tico-tico e depois colo as madeiras numa folha maior, que será o fundo. Sobreponho as lâminas e esvazio o contorno. Depois é um quebra-cabeças e vou montando as peças. É isto que é a marchetaria. Há diferenças para o embutido, que se usa mais por cá. No início, o processo é o mesmo, mas, no momento da montagem, a marchetaria é montada sobre papel e o embutido é escavado na madeira.
Que tipo de temas trabalhas mais?
Trabalho principalmente pássaros e flores e aconteceu um pouco por acaso. Quando comecei no Brasil, fazia coisas mais geométricas, flores antigas, inspiradas em detalhes de móveis do século XVIII. Mas não encontrei público. Às tantas, tive um pedido para fazer um pequeno móvel com um pássaro e percebi que o público brasileiro gostava muito de pássaros. Fui fazendo pássaros e flores, as coisas mais modernas e gráficas não pegavam.
Quanto tempo demoras a fazer um pássaro, por exemplo?
Um pássaro mais simples demoro entre duas a três horas. O que faz o tempo de fabricação é o número de peças: quanto mais complexa a peça, mais demorada.
Qual foi a peça onde usaste mais detalhe?
Foi a que acabei de terminar: um beija-flor. Também faço peças à medida e faço alguns retratos (o pai, a mãe, o filho que acabou de nascer).