Feira Feita               Histórias               Feito em Lisboa
Foi crescendo à tua medida, no fundo.

Exactamente, mas às vezes queremos mais. Há aquela ambição de vermos as coisas a aparecer mais, mas, neste momento, só tenho escala para ser só eu, não posso depender de terceiros e ter ordenados para pagar, portanto acaba por ter uma limitação de crescimento. A ver se este ano, apesar da pandemia, consigo concretizar mais planos. Parece que a loja vai crescendo à medida que os meus miúdos também crescem, porque quando eles são muito pequeninos precisam muito de mim, mas agora já começam a ir mais para a escola os dois, acabo por ter mais horas livres para trabalhar.


Organizam o tempo às metades...

Felizmente temos este espaço que é só nosso e estamos muito seguros: dá para vir de máscara, ficamos cá fechados e voltamos para casa. Em casa é muito complicado trabalhar porque, além do aparato, das máquinas de costura, do espaço para os tecidos, é preciso espaço mental (que não dá para ter com dois pequenitos em casa). Então fazemos isso, dividimos os dias. O bom de trabalharmos para nós próprios é esta flexibilidade. É o bom e o mau: há a incerteza do dia a dia, mas também a flexibilidade nestes momentos de aperto.


Falaste em tirar cursos de ilustração mas não referiste a costura. Já sabias costurar?

Não, foi um processo - e ainda está a ser um processo - muito autodidacta. Tudo o que estou a fazer tem sido por tentativa e erro, coser e descoser, ver como funciona, desmontar. Tenho imensos protótipos ali numa caixa com bonecos estrambólicos, que foram os primeiros a acontecer. Olhava para uma imagem ou para uma ilustração e pensava como é que a podia fazer isso em 3D. A questão é sempre essa: como tridimensionalizar o boneco? Foi um processo completamente autodidacta. A minha mãe tem umas noções de costura mas fui fazendo as coisas em casa, por mim, e foi crescendo.