Quando vou fazer um novo boneco não é simplesmente fazê-lo e já está, há todo um trabalho por trás para garantir que é seguro e que está dentro da marcação CE. Também sou mãe e gosto de comprar coisas seguras. Muitas vezes tenho sorte dos tecidos que uso terem já uma marcação de segurança boa, não são orgânicos mas têm uma série de preocupações. Gostava de encontrar materiais locais, de produção nacional, orgânicos, mas a indústria portuguesa não está ainda preparada para vender pequenas quantidades, que é o meu caso (e já contactei imensas fábricas que só vendem a partir de uma metragem muito superior àquela em que posso investir). Há muitas coisas de backoffice que não se vê quando olhamos para um leãozinho. Às vezes até acho que devia escrever isto em algum sítio para as pessoas terem consciência de que, quando compram o boneco, não é um capricho meu.
Há que ver que além do trabalho manual, que se paga, há a criatividade que se paga mas também a qualidade dos materiais. Quem são os teus clientes?
Sempre tive mais clientes portugueses do que estrangeiros. Vou vendendo para fora, mas a maior parte é cá. E tenho um bom feedback, as pessoas respondem-me sempre quando compram a dizer que gostaram muito. Dizem que é mais bonito do que na fotografia e é sempre um prazer ler estas coisas. São clientes muito especiais, maioritariamente mulheres, da nossa faixa etária, e nem sempre são os pais a comprar, mas os tios e padrinhos. É muito interessante estar neste circuito de pessoas que querem deixar uma marca na vida das crianças. Gosto de imaginar que as crianças vão tê-los muitos anos e que vão ser o boneco especial que a tia ou o tio deram. Gosto de vê-los como guardiães de memória.