Feira Feita               Histórias               Feito em Lisboa

O que mudou com a pandemia?


J - Há muita gente que vem, mas que avisa antes. Antes, entrava muita gente que estava a passar na rua e não conhecia o projecto. Nós fazíamos uma apresentação, mas gostamos sempre de deixar as pessoas à vontade, porque temos muita coisa e é preciso tempo para absorver.

G - A pandemia mudou o ritmo de "um dia normal". Os dias não estão normais, essa coisa do novo normal não existe. O período em que tivemos de ficar fechados, foi um período super produtivo.

J - Durante o confinamento viemos trabalhar todos os dias mas sabíamos que era um compromisso diferente. Sabíamos que, naqueles dias, não ia entrar ninguém. No nosso estado de espírito era só oficina. Quando estamos de porta aberta já sabemos que além da oficina há sempre a loja e a galeria. Foi um momento muito introspectivo e de produção.

G - Agarrámo-nos à força de viajar através das peças.

J - Só nos apercebemos da realidade quando saímos daqui. Isto é uma bolha. Não sabemos o futuro...mas nós nunca sabemos o futuro. Quem trabalha com arte sabe que essa incerteza é a própria vida. Mas sinto que as pessoas despertaram para apoiar a comunidade e que somos um só. Tivemos mais pessoas atentas ao que nós fazemos — e a outros projectos que conhecemos.

G - As pessoas ligaram-se a peças com significado, com história. Fizemos uma pequena loja online associada ao site, com pequenos objectos e fáceis de enviar e transportar.


Como é que está a correr essa aventura no digital?

J - Temos mais pessoas a ver, mais interessados.

G - Temos feito uma campanha, temos divulgado as peças nas redes sociais, o que tem trazido retorno. As pessoas não estão passeando na rua mas estão com os seus telemóveis. A nossa comunicação tem sido nesse sentido, o de presentear com o local, o especial, com o manual, o artesanal.