Quando é que começaste a dedicar-te ao azulejo?
A minha formação, primeiro, foi em cerâmica, na António Arroio. Depois, por acaso, fui parar ao Museu do Azulejo, a um curso que abriu entre 1990-93, que pretendia formar pessoas em conservação e restauro de azulejo. Era um curso técnico-profissional que dava equivalência a bacharelato. Estava a perceber-se que havia um património azulejar imenso e não havia quem soubesse fazer a sua conservação e restauro. E estava-se também a perceber que o azulejo, que estava esquecido e ao abandono, era um elemento identitário português.
Até então estava muito ligado ao kitsch, chegava a ser piroso...
Sim, o Modernismo arrasou com tudo. Já ninguém o queria. Temos tantos azulejos em tanto lado que não se liga. Tu nasces num sítio que tem azulejos nas paredes, se for preciso, porque os hospitais antigos têm painéis pintados na parede. Estão por todo o lado, portanto acabas por não dar grande valor. Muito património desapareceu quando não se ligava nenhuma, outros foram estragados, destruídos e muitos foram roubados. Hoje já se dá mais atenção aos azulejos, mas, naquela época, painéis inteiros desapareciam e iam para outros países. Nessa altura, o Museu criou o curso porque não havia curso superior de conservação e restauro — hoje em dia existem vários. Fui uma das seleccionadas e lá fiz o curso.
Começaste logo a trabalhar na área?
A partir daí fiquei a trabalhar em conservação e restauro, sempre por conta própria, com o colega com quem divido a oficina. Trabalhámos em muitos projectos de conservação e restauro.