Feira Feita               Histórias               Feito em Lisboa

Como funciona o teu processo de trabalho? Recebes alguns azulejos de época, tiras fotografias...

As pessoas contactam-me primeiro e, por vezes, enviam logo fotografias para eu ver o que é, para dizer logo se consigo ou não fazer. Existem algumas técnicas industriais que não consigo replicar porque o meu trabalho é 100% manual. Os azulejos industriais são mais direitinhos enquanto os manuais ficam mais empenados. Se querem que faça réplicas, tenho de ter um ou dois originais comigo para ver os tons, os desenhos, é a única forma. As fotografias só servem para fazer um orçamento. Uma mais valia do meu trabalho é que aquilo que me pedem é sempre para escoar, o que não aconteceria com peças da minha autoria, por exemplo.


Consegues fazer tudo aqui...

Tenho três fornos: um maior, um intermédio e um mini-mini, que é o das experiências. Faço umas coisas pequeninas para ver tons. Faço imensas receitas, isto é como na cozinha: faço uma receita para criar um tom, ponho no forno (e demora oito horas no mínimo), tiro, "ah! não era bem isto"... Mas a partir dessa já sei que tem de levar mais isto e aquilo, ponho, volta ao forno… Por mais que se queira não é um processo exacto, nem uma fábrica faz exacto. Cada lote tem as suas pequenas diferenças. Até na mesma fornada há variações. Há um tom, que é o manganês, que é tão chato… É tão difícil aquele tom, e dá-me uma trabalheira de reproduzir. Por vezes, na mesma fornada, pões uns azulejos em baixo e outros em cima e ficam com tons diferentes. Mas é isso que lhes dá beleza. Estes 500 que estive a fazer agora para um projecto em Lisboa são feitos à mão, um a um, e, obviamente, que isso os torna únicos. Essas ligeiras diferenças de vidrar à mão, de estar ligeiramente borrado, são próprias do trabalho manual.