Feira Feita               Histórias               Feito em Lisboa





















KROH - Rita Teles Garcia









Entrevista e Fotografia
Ágata Xavier
Autora-artesã
Kroh - Rita Teles Garcia

Atelier
Lisboa


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É difícil enfiá-la numa caixinha. Do crochet à cerâmica, passando pela fada do lar, a escultura e a aguarela, Rita Kroh não consegue ter as mãos quietas. Os vários projectos pessoais, a colaboração com o Estúdio Astolfi, as montras da Hermès, as exposições, os workshops: vai desfiando e desafiando o tempo como se de um novelo se tratasse. Falámos com a artista no seu atelier caseiro, enquanto terminava de fazer uns brincos sob a supervisão atenta da gata Alice.  



Como é que surgiu a Rita Kroh?

Surgiu em 2017, mas o meu projecto começou em 2012. Na altura chamava-se Mesh. Em 2017 fui avisada por uma marca registada com o mesmo nome de que teria de usar outro... Com a necessidade de encontrar um novo nome fui parar ao Kroh. Foi muito difícil porque tudo aquilo que gostava e pesquisava estava ocupado. Já estava quase a desistir e a pensar assumir o meu nome [Rita Teles Garcia] quando fui ao dicionário de inglês e escrevi crochet — porque andava à procura de palavras relacionadas. Logo apareceu a fonética da palavra. Vi se Kroh não queria dizer nenhuma asneira em algum lado...e assim ficou.

Mas começaste antes, em 2012. O que fazias?


Na altura trabalhava nas visitas guiadas do Museu Berardo e tinha tempo livre. Para me ocupar ia fazendo coisas: fazia muito crochet — que sempre foi a minha companhia e escape, sobretudo quando estou mal disposta ou irritada [ri]. Criei a Mesh, que quer dizer malha (mas industrial, tipo alumínio ou rede) em inglês. Fazia acessórios, colares, golas, cachecóis, era nessa linha que actuava. A minha ideia era procurar sempre fios diferentes, cores diferentes, texturas diferentes. Trabalhava muito com uma senhora em Alvalade que tinha os fios em cones e fazia a mistura das cores ao momento.

Começaste logo a vender o que fazias?

Foi uma época louca! Vendia imenso, participava em muitos mercados, tinha muita disponibilidade e conseguia gerir bem o tempo. Sempre tive a preocupação de encontrar materiais diferentes e de boa qualidade. Quando estamos num modelo de negócio mais comercial, e não tão artístico, por vezes damos um passo atrás e procuramos outras misturas porque, infelizmente, ainda há algum preconceito com o 100% lã. As pessoas queixavam-se um pouco dos valores também... creio que, se fosse agora, as pessoas teriam uma aceitação diferente.